Quem sou eu

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Ivan Luiz de Oliveira, também conhecido como Téo, por isso Ivan Téo; nasci em Colorado-PR e resido em Maringá-PR desde 1991. Gosto da arte sem máscaras, embora isso não exista. Mas eu também gosto de coisas que existem, não se preocupe!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

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Nos campos da universidade
A paisagem é bela como a tarde.
O sol, em silêncio,
Desenha o infinito
Entre um e outro pássaro.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Freud

Eu não tenho sido nada original.
Por que é tão difícil ser
Como se quer ser?

É tão difícil admitir que se erra,
Que se purifica
Todo ser que busca purificação.


Anseios, ânsias, seios...
Anseios, ânsias, sexo...
Anseios, ânsias, seios...
Anseios, ânsias, sexo...

Hoje eu conheci um hippie
Uma figuraça!
Daquelas de dar risada levando a sério.
Um hippie punk, drunk
A leaked junk.
Os hippies parecem ser sempre sinceros
Com o mundo
Com todos nós
A simplicidade dos atos
O tesão das palavras
O agosto de Deus!

Todos vivem aquilo que merecem?
Todos vivem por acaso?
Todos gozam?
Tudo é passageiro?

Ou você se entretém
Ou você se perde
No labirinto

Ou você se ama
Ou você se mata.
Eu me reconheço em todas as pessoas
Desde os tempos mais remotos
Na minha busca por atravessar o caminho
Não há ilusão passageira
Na minha vida
Não manda qualquer besteira.

A primeira palavra nem sempre é a primeira palavra
Talvez até seja mais palavra
A palavra ainda não dita
A palavra que se teme ouvir
A palavra de dentro
A voz de cada um.

O
Pode ser palavra
I
Pode ser 

Como é que se pode reter as ideias
Como se elas fossem uma propriedade?
A vida, às vezes, é um cassino.

Ter o amor
E não saber amar
Noel

Moro numa cidade toda minha
Repleta das minhas ilusões
A cidade que me satisfaz
A cidade em que eu sou eu!

20-12-1997

Corre em minhas veias
Um tipo natural de morbidez.
Algo estranho, 
Imagino insensatez.

Tento esquecer seu dano,
Ser capaz.
Me engano,
Sou fugaz...

Eu

Sim
Sou  eu
Sou  eu  só
Sou   eu   assim
Sou  um eu distante
Mas  sou  eu  o  bastante.
Eu   sou  o  medo  que  sufoca
Sou eu na noite que me esquece
Sou  agora  o  que  não  fui   jamais
Eu  sou  a  influência  do  Ser  Imortal...
Sou   a  ausência  do  eu  que  eu  deixei
Mas sou o produto dos sonhos que plantei.
Eu sou a verdade viva embora não revelada...
Sou o acúmulo do  tudo  e  nada  que  sou
Sou  a  fumaça   dançando   no  espaço
Sou   a nudez  da  palavra  não  dita
Sou  sangue  correndo  nas  veias
Sou   vida   aflita   a   pulsar
Mas   sou   eu   ao   falar
Eu    sou    a    poeira
Sou porque  sou
Sou   assim:
Apenas
Eu.

Miragem

Dize, se tu sabes,
Pra onde vão?!
Qual o limite das nossas vontades?!

Se tão grande é o mar
E na praia adormece,
Por que, então,
Nosso puro desejo 
De viver para o amor
É ainda utopia
Que se sonha de noite 
E de dia se esquece?

Será mesmo tudo, debaixo deste sol,
Vaidade e vento que passa?
Talvez sim, talvez não,
Quem o saberia?

Vem comigo agora!
Deixemos à deriva o barco da dúvida
E subamos na carruagem do tempo
Antes que percamos a chance
De escrever uma bela página
Na nossa história...

sábado, 16 de outubro de 2010

O canto da sereia

O canto da sereia iludiu o índio
Pirapó se perdeu no ouro daqueles caracóis
Sereia se chamava Lua
Pirapó, índio da mata densa
Que migrou para a mata Atlântica
Qual rio que busca o oceano.

Pirapó se encantou ante Lua
Só que Lua, sereia romântica,
Também se encantou
Sereia mais mulher que diaba
Não quis sangue de Pirapó,
Quis seu amor!

Pirapó-de-noite-Golfinho-que-amava-Lua
Sereia-de-dia-Mulher-que-amava-Índio

Um dia, de tanto amor,
Lua e Pirapó se tornaram um só
E a Lua e o Rio
E a Noite e o Dia
E o Céu e o Mar
E todo o Universo
Irradiaram o ouro daqueles caracóis
E a pureza do amor de um índio
Que acreditou na grandeza do Oceano
E na possibilidade de que sereias
Podem amar de verdade
Sem, necessariamente, matar os os seus índios
No afã, na ansiedade.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

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O tronco já não quer ser tronco
Também folha não pode ser
Da raiz esqueceu-se o tronco
Seca folha ao vento morrer.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

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Quiseram que eu fosse assim
Quiseram que eu fosse assado
Me puxaram tanto, pra lá e pra cá,
Que eu fiquei todo amarrotado!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

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O boêmio, louco de razão,
Ignorou o riso condescendente
Dos que o louvaram, irônicos.
Deixou-se guiar nas espirais em que caiu
Como se elas tivessem uma direção.

Rancho da goiabeira

Para Angie e Pedro


No fundo daquele rancho
Nasceu uma goiabeira
Se antes não tinha dono
Agora é da vila inteira.

Pé-de-goiaba moleque
Pé-de-goiaba matreira
O rancho agora sorri
O rancho da goiabeira.

Mas só que tem um problema:
Zangou-se o dono da venda.

Ninguém mais compra goiaba
Naquele seu armazém.
Só a goiaba do rancho
Que não precisa vintém.

O discurso das coisas

O tempo corre contra o tempo
Que tenho e é pouco
Corro e me perco em tempestades infinitas...

Minhas horas em segundo plano
Estrela cadente, incandescente
Que incendeia o verso em que falo.

Espaço silêncio memórias
Ínfima realidade espaço
A ruir as ânsias de minha alma,
Temporal a romper dos sentidos a aceitação do que é próximo.

A busca constante por dizer o indizível
Com receio de que o tempo cale antes
A última e tão esperada palavra...

E quando não mais houver tempo,
Constatar que não eram as palavras que mudariam o curso das coisas
Mas a aceitação do discurso que elas rodearam.

Sob o brilho do sal

Nau que se perdeu no mar,
Eu, chamariz nos seus atóis
Balançando conforme a onda
Dos seus braços me sufocando,
Me respirando.

No fundo do seu mistério,
Eu procurando a razão
De por que ir tão fundo
Sabendo que nunca mais voltaria à tona.

A profundeza em que nos encontramos
Parece bem mais interessante
Do que a vida fora da caverna
Se o sol não nos aquece.

A vida exige escolha:
Ninguém pode ou deve querer
O sol e a profundidade do mar
Pois seria querer demais.

Então inventamos um sol
Debaixo do mar
E seu brilho refletia no sal
Que corria em nossas veias
E éramos todos brilho
E o mar que era deserto
Passou a ser a vida desejada
Fora da caverna
Com um sol muito mais intenso
Do que o real,
Do que aquele que os nossos olhos
Não podem olhar.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O mar ausente

A minha terra é de mar ausente
Cais não há e seu porto é seco
O mar do nome é só acidente
Mar de Maria sincopado entre Maria e ingá.

Ingá é fruto que dá no ingazeiro
Maria, mulher que partiu
E virou lenda e canção.

Se mar e porto aqui houvesse,
Maria talvez fosse mais mulher
Mas como mar aqui não há,
Só o ingá,
Não é de praia nem de ilha, Maria
É só lenda na imaginação...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Zé Fausto

Todas as metas alcançadas,
Zé Fausto se pergunta:
e agora?


A MORTE PEDE PASSAGEM...


Zé Fausto esqueceu que se morria.
– Todo mundo morre, Zé,
e agora?

Do suco por trás do véu

Não basta saber o suco
Atrás de cada casca
Mas sorver a seiva
Depois da casca que o impede.

Uma noiva é o suco por detrás do véu
E despi-la desse véu
É saborear o suco em todo o seu mistério.

O objeto casca se contempla
Em formas inacabáveis
Não é para sentir o gosto que concentra
É fruta que se vê por fora.

Então, depois do dentro da fruta,
do suco por trás do véu,
Os olhos já não são os mesmos
Porque o mistério é muito maior...

À terceira margem

Amar é ficar absurdo do mundo
Sem telefone ou endereço...


I

O óbvio de mim
Dentro de mim
Sempre a me dizer quem sou
Sem que eu peça...

O futuro que não tenho
O sonho que eu não sou
Minha realidade morta.

Só é possível conhecer a vida imaginando a morte
Essa é a alegria do tempo
Que nos engole a toda hora.

Mas, como dizer teu nome sem encontrar as palavras ...?

Melhor seria não dizer nada
E ir mais fundo,
A qualquer preço.


II

Uma mulher sorriu e me disse boa noite.
Eu, ouvindo “Cuide bem do seu amor”, do Paralamas
Deitado na sala de estar
Como um palhaço
Divertindo-se.


(O olhar calmo e triste daquele homem
Ë a minha história,
Que sempre achei engraçada.

O problema é que graça de mais
Às vezes atrapalha.
Tira a outra margem do rio
que é de pedra.)



III

o amor não passa na TV
não é potência, é ato.

mais gesto que palavra,
desliza em todas as partes do corpo
sem ressentimento...

Dos cavalos selvagens do meu sonho branco

É a chuva caindo noite a dentro
Escurecendo lenta e suavemente
A paisagem agora é só um vulto,
Uma música que se ouve longe...

Sob cortinas calmamente cerradas,
Os cavalos selvagens do meu sonho branco
Pisam caminhos já percorridos
E seguem o rumo de outras eras...

(Pela porta entreaberta, vê-se que são dois:
O em que vou e o outro,
Cuja face de quem vai
Eu ainda não posso enxergar

Pode ser uma vida inteira
Ou uma noite apenas
O tempo deste poema,
A chuva nesta floresta que não percebo o sol adiante...)

Reflexão


O que vejo no espelho é uma parte que não é minha.
Parte que bem conheço porque desconheço.
A parte que é minha tem no espelho nenhum começo.

Não hesito em quebrar todos os espelhos
E negar, assim, o reflexo das coisas aparentes
Que já existiam antes da necessidade do auto-espelhamento.

A parte que é a minha
Reflete-se por outros meios,
Para outros fins.

Para o fim de tudo o quanto existe
E sem saber por que tudo e quanto existem.
Ato pleno de abnegação!
O individual visto na não-imagem
Mas no fenômeno de si próprio:
Mistério e naturalidade.

Telurgia

A terra tece o homem que nela nasce
que se faz segundo seu relevo e seu desvelo
ele sai da terra apenas para voltar a ela
com saudade e carência de aconchego
acalanto do homem
terra em que nasce, qual semente de um novo fruto
e em que morre, qual folha seca de outono
para virar pó e sacramentar sua única sina
Terra-fênix, mãe do tempo, mãe da vida: amor!

Cicatriza a voracidade do tempo
e encobre as marcas da crueldade
para que a dor não seja tão grande
ampulheta, a contar as horas que restam
mesmo que ninguém perceba.

Aquilo que se quer de bem

Voltar é verbo retransitivo
Transgressor
Longínquo
Sem medida
Nem direção

Toda palavra só fala aquilo que se quer ouvir
Para o próprio bem
Eis-nos
Ethos
Fantasia

A moral do mundo é este abismo
Entre nós...

Estrela e chão

Minha alegria não sei esconder.
Tampouco da tristeza faço conta
o silêncio, como sói acontecer.
Sou chão e estrela e todo o resto é mar...

A minha alegria não tem mistério,
é alegria de sorriso aberto:
rio de tudo que passa e tem graça
e do que ainda não se sabe certo.

Já tristeza é estar mais perto do chão,
ausente do brilho que tem a estrela...
É ver só com olhos, sem coração.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

De brincadeiras de homens cheios de razão

Num dia, no meio do tempo, se cogitava a possibilidade
de que o homem não mais sofresse,
de que as coisas se resolvessem por si mesmas.

Mas tudo girava em torno do pensamento do homem,
como se só a Terra girasse em torno do Sol.

Tivemos que carpir todos os capins e sentir a dor da verdade,
que nos deixa evidente que não somos só sol,
que no nosso girar também somos noite,
também somos silêncio.

Se um dia a nossa razão puder responder,
será o dia mais importante
porque não nos preocuparemos mais em olhar o Sol
a partir do ponto fixo dos nossos pés,
mas veremos, tanto no dia quanto na noite,
que somos o que somos
e que, unicamente, não nos determinamos!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O amor oriental num vestido azul

No caudaloso rio das ilusões
O sacrifício do menino que há no homem
A luta pelo adeus ao egoísmo ferino
Ante a luz que se antevê
Iluminando o paraíso!

quarta-feira, 14 de julho de 2010