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Ivan Luiz de Oliveira, também conhecido como Téo, por isso Ivan Téo; nasci em Colorado-PR e resido em Maringá-PR desde 1991. Gosto da arte sem máscaras, embora isso não exista. Mas eu também gosto de coisas que existem, não se preocupe!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Autopsicograficanálise


Quem disse que acabou a loucura
Que acabou o ímpeto
E a voz?

Quem é que repete a mesma voz estridente
No seu ouvido que não quer calar?

Só se arvora quem tem raiz
O caule não tem consciência de nada.

Eu sou caule
Só tenho essa calma
Porque o desespero é pior.

Mas quando a porta se abrir
De tanto eu bater
Eu não vou deixar de falar
Nos seus ouvidos
Eu não vou deixar de falar a mim mesmo
Porque eu não posso deixar que uma dor me domine
Que nos leve para longe do que somos.


II


E eu dizia que não era nada
Que era tudo normal
O ímpeto e a voz
Que aquilo para o que a maioria não dava o mínimo
Era o mais importante,

Quando de repente tudo se virou contra mim
Me fazendo buscar entender
Algo que eu simplesmente desconhecia.

Eu tinha que parecer normal
Diante do novo que eu não criei
Mas em que eu me meti
Talvez por acaso.

E nesse caminho
Minhas palavras assumiram outro valor
Mesmo eu me acreditando eu mesmo
Acreditando que a minha raiz era mais forte do que era

As pessoas com as suas faces impenetráveis
Rogando-se a resistência diante do óbvio
Como é que elas podem rogar-se?

Eu que queria mudar as pessoas,
Agora que me reconheço,
Sei que é difícil mudar a mim mesmo.



III


Eu já me imaginei árvore
Eu já me imaginei rio
Eu já me imaginei sol
Eu já fui braços para o infinito
Eu já fui curvas, correntes
Eu já fui astro, já fui rei

Eu já fui até onde a mente pudesse alcançar
Eu que nunca quis voltar
Tudo seria apenas reflexo
Todo um espelho a mostrar que só o passado havia existido
E que ele não era tão belo como eu planejei.

Eu ainda não fui muitas coisas
E o receio me faz olhar mais para as coisas que eu não quero ser
Do que para aquelas que eu costumava me imaginar
Na altura dos trinta
Já se reconhece o risco do jogo
E se questiona a validade de novas e arriscadas jogadas
Mas ficar acuado, quieto
Parece ser muito pior
Mas muito mesmo.


IV


Essa é a minha autopsicograficanálise
A minha fuga e o meu encontro
Meu alicerce movediço
Meu desejo e minha repulsa
Meu ópio e meu Deus
Minha consciência da insolubilidade das coisas mais simples
Até as mais densas


V

Se assim é,
Que assim seja.